Dá para evitar cópia de vídeo?

Uma questão que me deparo muito frequentemente nas conversas com clientes e leads (potenciais clientes) refere-se a proteção de conteúdo em vídeo produzidos para cursos online. A questão é simples: dá para evitar cópia de conteúdo em vídeo? Minha resposta é simples: Não. Se não quer que seu vídeo seja copiado, então não publique-o. Melhor, nem o produza. Mas há o que fazer para dificultar cópia. Vejamos algumas alternativas.

Usar CDNs com bloqueio de acesso direto ao vídeo

Várias redes de distribuição de conteúdo (CDN – Content Delivery Networks), como Vimeo, AWS, Bunny, CDN77, entre outras, oferece a facilidade de permitir determinar o domínio onde o vídeo poderá ser exibido. Assim, basta especificar, para cada vídeo, que o domínio onde poderá ser exibido é o usado pelo ambiente virtual de aprendizagem. Desta forma, mesmo que o usuário descubra o link de onde o vídeo é obtido para exibir na plataforma (verificando o código da página onde é exibido), não poderá assistir o vídeo sem que a requisição de acesso não seja feita pelo ambiente virtual de aprendizagem.

Este mecanismo de proteção, reforçado por bloqueio do uso direito do mouse durante o acesso ao vídeo, praticamente impede o acesso inadequado ao arquivo de vídeo. Porém, para quem entende de tecnologia da informação, há formas de burlar estes mecanismos de proteção. Além do mais, há extensões de navegadores como Google Chrome e Mozilla Firefox especializados em facilitar o download de vídeos que são exibidos no navegador. Portanto, quando cito “quem entende de tecnologia da informação”, não estou me referindo a nenhum hacker, mas sim a alguém um pouco mais de conhecimento sobre uso de recursos básicos de informática.

Apesar de ainda poder ser contornada por quem entende um pouco mais sobre tecnologia, a proteção provida por CDNs atende satisfatoriamente as expectativas da grande maioria dos autores de conteúdo que são nossos clientes.

DRM – Digital Rights Management

Os sistemas de Gerenciamento de Direitos Digitais se referem a um conjunto de tecnologias e técnicas utilizadas para controlar o acesso, uso e distribuição de conteúdo digital, como arquivos de música, vídeo, e-books, jogos e software. O objetivo do DRM é proteger os direitos autorais do conteúdo digital e impedir que o mesmo seja copiado, distribuído ou utilizado de forma ilegal. Para isso, o DRM utiliza criptografia e outros mecanismos de segurança para impedir que usuários não autorizados acessem ou usem o conteúdo protegido.

Porém, para tal, o vídeo precisa ser acessado por meios de distribuição autorizados, que também têm as credenciais de cada usuário. Alguns exemplos destes canais são: Microsoft Playready, Google Widevine, Adobe Primetime, Verimatrix, entre outras. O uso de tais canais encarece o processo de entrega do vídeo, complica a integração com ambientes virtuais de aprendizagem, como o Moodle, e prejudica a experiência do usuário.

Diversificação das mídias do conteúdo

Este é um processo é trabalhoso, mas pela experiência que tenho é o mais eficiente. Pois implica em, ao invés de ter conteúdos apenas em vídeo, ter conteúdos em vídeo, texto, imagens, gráficos e áudio. Cada um fazendo referência ao conteúdo em outro formato. Assim, pode-se montar um texto que cita o vídeo inserido no meio dele, que por sua vez faz menção a uma imagem também inserida no texto, que também é explicado por uma barra de áudio gravado… e assim por diante.

No Moodle, eu costumo montar conteúdos usando conteúdo em livros interativos do H5P que facilita esta mistura de conteúdos em diferentes mídias (escrita, visual, gráfica…). Desta forma é bem mais complicado copiar o conteúdo, pois não basta salvar um conjunto de arquivos de vídeo, mas precisa salvar vários arquivos de diferentes formatos e remontá-los de outra forma, já que não vai ter o H5P localmente para facilitar essa remontagem.

Ainda envolvendo métodos de produção de conteúdo, posso citar a pulverização dos vídeos em um maior número de peças, o que multiplica o trabalho de cópia dos vídeos existentes em um curso. A inserção de marca d’água sobre os vídeos produzidos também é outro recurso que ajuda a inibir a distribuição indevida de conteúdo neste tipo de mídia.

Contratos

Eu não posso deixar de citar que o autor ainda pode impor uma assinatura de contrato eletrônico, com validade legal garantida pela Medida Provisória 2002-2, de 2001. Alguns exemplos de serviços de assinatura online são Cllicksign, Docusign, Zapsign, TOTVSsign, dentre inúmeros outros. Um compromisso de respeito ao direito autoral, formalmente firmado entre as partes (autor e aluno) pode inibir o uso indevido de conteúdo de qualquer natureza, mitigando risco de perda de controle sobre a obra produzida.

Por fim, há sistemas que permitem a inserção de dados pessoais de cada usuário/aluno de um curso, como por exemplo o CPF, nome e ou email, de modo a também inibir a tão indesejada distribuição ilegal do material produzido. Essa marcação que relaciona univocamente a peça de vídeo com o usuário que a acessa, unida a um compromisso contratual com penalidades bem estabelecidas, podem surtir efeito por intimidar a violação do direito autoral. Porém, já adianto que o uso de um sistema desse precisa ser desenvolvido no caso do Moodle, além de gerar uma burocracia que, tal como no caso do DRM, prejudica a experiência do usuário e burocratiza a operação educacional.

Conclusão

Quem produz conteúdo, especialmente em vídeo, deve estar ciente que não há como garantir que seu conteúdo não será copiado e, pior, distribuído ilegalmente. Quem oferecer alguma solução como infalível contra tais problemas não estará sendo honesto com o autor. Mesmo porque, na pior das hipóteses, nada impede que um violador de direitos autorais, mesmo sem maior experiência no uso de tecnologia, simplesmente aponte um celular para a tela do computador e filme o vídeo enquanto é exibido na plataforma de aprendizagem ou de streaming. Por isso deve entender que, na melhor das hipóteses, o que se pode fazer é mitigar riscos de acesso indevido ao conteúdo, jamais garantir a inviolabilidade do mesmo. Para quem quer garantia de que não vai permitir cópia, a única solução é não produzir o vídeo, pois não se copia o que não existe.