Como o Moodle pode ser o melhor?
Não é a primeira vez que um lead (potencial cliente) me faz essa pergunta após uma primeira reunião de contato para apresentar o Moodle: “Como um software gratuito pode ser a melhor solução em ambiente virtual de aprendizagem?”. Outras perguntas semelhantes, indagando sobre a superioridade do Moodle, já foram levantadas no passado. Também questionam “Se o Moodle é tão bom quanto a sua apresentação faz parecer, por que não é uma unanimidade? Por que não é um monopólio?”.
Sempre tive dificuldade em responder questões como essas. Não por não ter a resposta, mas principalmente porque ela demanda de uma abordagem meio longa de argumentação. Por isso resolvi escrever este artigo, que na realidade é o terceiro de uma trilogia (os outros são citados ao longo do texto). Assim, de agora em diante, ficará mais sucinta minha resposta, já que posso referenciar este material.
O primeiro artigo da citada trilogia trata de exemplos de softwares livres que são destaques ou líderes em seus respectivos nichos de mercado. Este artigo pode ser lido aqui. O segundo artigo mostra os bastidores do Moodle, detalhando o que está por detrás daquele botão de download que clicamos para obter um excelente software sem nada pagar. Clique aqui para acessar este segundo texto.
Uma vez tendo entendido os dois textos, fica fácil explicar porque o Moodle é líder em seu nicho de mercado. Veja a ilustração abaixo. O software proprietário cobra altos valores pelo produto, pois ele é o centro da monetização da tecnologia. Por vezes, cobram um baixo valor por serviços associados ao produto comprado ou alugado, como treinamento e suporte técnico.
Por outro lado, o software livre (à direita) não cobra pelo produto, mas sim pelos serviços que o circundam. Pela ilustração, pode-se notar que o valor pago pelos serviços, em muitos casos, se assemelha ao valor pago pelos serviços equivalentes do produto proprietário. Neste instante vem a indagação feita por clientes: como isso pode ser possível?
Um consultor de vendas de uma bigtech (ex: Adobe, Microsoft…) que venda/alugue o produto proprietário rapidamente vai dizer que é a qualidade do produto proprietário que justifica pagar por ele em si, além dos serviços associados. E na maioria das vezes isso é verdade. PORÉM, não é o caso do Moodle, pois o produto tem qualidade igual ou superior ao da concorrência que desenvolve software proprietário. Essa qualidade é possível por conta de uma estrutura como aquela apresentada no segundo artigo supracitado.
Mas aquela estrutura dos bastidores do Moodle só é possível porque ele tem escala, e tal escala (de centenas de milhòes de usuários diários ao redor do mundo) só é possível porque é um software gratuito. Assim, fecha-se o ciclo: software livre viabiliza enorme escala de usuários sem grandes investimentos em marketing, bastanto uma pequena parcela pagar por serviços profissionais certificados para que as contas do desenvolvimento dos software sejam pagas.
A diferença de grandeza de valores envolvidos acaba sendo compensada pela menor demanda de investimento em marketing para divulgar o software proprietário e menor margem de lucro no modelo de negócio do software livre. Ao contrário do software proprietário, o software livre é mais democrático na distribuição de lucros, que é distribuída de forma mais equânime entre o gestor do projeto de software livre e o parceiro local que provê serviços associados a ele. E o resultado é um custo total de propriedade do software muito mais baixo quando se usa software livre sem que necessariamente se perca qualidade do produto ou serviço, especialmente em casos como o do Moodle, que tem uma gestão profissional do negócio.
Em resumo, software livre quando tem a maturidade e organização do modelo de negócio como no caso do Moodle, consegue ter qualidade igual ou melhor que software pago. Por isso que o Moodle é líder no Brasil e no mundo, mesmo sendo gratuito. A gratuidade do produto substitui em grande parte o que o software pago precisa gastar para divulgar o produto, e os serviços associados ao produto, pagos pelo cliente para monetizar a produção do produto, acaba sendo um valor bem mais baixo que o que é pago pelo seu concorrente proprietário.
Pode parecer estranho, pois estamos acostumados a associar retorno financeiro de um negócio que desenvolve um produto com foco na venda deste produto, e não em serviços associados quando o produto é entregue gratuitamente para quem quiser usar.